Nós, anestesiologistas, somos médicos especialistas com diversas subespecialidades no ambiente cirúrgico e com possíveis áreas de atuação no tratamento da dor, na medicina paliativa e na medicina aeroespacial.
A atuação do anestesiologista é fundamental para o funcionamento de hospitais, clínicas e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. Além dos centros cirúrgicos, atuamos nos centros de diagnósticos por imagem, centros de procedimentos endoscópicos, unidades de procedimentos sob radioscopia, centros de radioterapia, centros de odontologia e também nos serviços referentes a nossas áreas de atuação, especialmente no tratamento da dor, aguda e crônica.
Segundo os dados da Demografia Médica no Brasil 2023, coordenada pelo Dr. Mário Scheffer, e elaborado pela USP, em conjunto com a AMB, somos 2.117 médicos anestesiologistas no Estado do Rio Grande do Sul. Destes, 1.237 residem na grande Porto Alegre (1.135 em Porto Alegre e 102 em municípios vizinhos). Isto representa 18,8 anestesiologistas por 100.000 habitantes no RS, um dos maiores índices do Brasil (figura em anexo). Em Porto Alegre, temos 59,5 anestesiologistas por 100.000 habitantes, e na grande Porto Alegre 25,4 anestesiologistas por 100.000 habitantes.
A Federação Mundial de Sociedades de Anestesiologia (WFSA) considera um índice de 5 anestesiologistas por 100.000 habitantes como o mínimo aceitável para locais com sistema de saúde pouco desenvolvido; de 6 a 10 como adequado; e, para locais com sistema de saúde desenvolvido e universal, é desejável um índice maior que 20 anestesiologistas por 100.000 habitantes. Os Estados Unidos contam com 20,8 anestesiologistas por 100.000 habitantes, a Noruega 25,5, a França 15 e Portugal 17,9.
O Grupo Hospitalar Conceição apresentou um pedido público de contratação emergencial de médicos anestesiologistas em regime terceirizado. Em sua abertura é usado como argumento o “déficit de profissionais de anestesia” e a incapacidade de contratar novos anestesiologistas para compor seu corpo clínico próprio de anestesiologistas.
Diante do exposto, gostaríamos de ressaltar à população do Rio Grande do Sul, em especial à da capital, que não se pode falar em “déficit de anestesiologistas” no nosso Estado, e muito menos em nossa capital e seus municípios vizinhos. Nossa força de trabalho está dentro do esperado e encontrado mesmo em países ricos com sistema de saúde desenvolvido e universal. Há uma alta concentração de profissionais na grande Porto Alegre em detrimento ao interior do estado, o que está de acordo com a mesma assimetria encontrada na capacidade implantada dos serviços de saúde. Mesmo no interior, temos 10,7 anestesiologistas por 100.000 habitantes.
Entendemos ainda que contratos emergenciais temporários não são a forma adequada para estruturar um corpo clínico de anestesiologistas, profissionais fundamentais para a eficiência, qualidade e segurança de inúmeros setores hospitalares, verdadeiramente comprometidos no longo prazo com a missão, os valores e a cultura de tão eminente instituição.
Esperamos que o Grupo Hospitalar Conceição consiga, com a ajuda de seu já vasto corpo clínico próprio, identificar e corrigir os fatores internos que vem dificultando a contratação e retenção de médicos anestesiologistas para reforçar seu quadro permanente.
Temos certeza de que os anestesiologistas gaúchos atenderão prontamente esta demanda emergencial do Grupo Hospitalar Conceição, garantindo o entendimento à população nesta primordial instituição hospitalar do nosso Estado.
Servir para a saúde é a nossa missão.
DIRETORIA DA SARGS